24 de dez. de 2013

Resogun (Housemarque, 2013 - PS4)

Antes de iniciar esta resenha, gostaria de dizer que Resogun não é apenas um dos jogos do line up de lançamento do PS4, como também é o primeiro shmup de scroll horizontal cilíndrico que eu já joguei*.

Todo mundo já colocou as mãos em clássicos do scroll horizontal como R-Type, Salamander, Gaiares, Thunderforce, mas a idéia de "ir e voltar" ou de "girar" ao redor da tela é algo presente em poucos jogos, como Choplifter, Wings of Fury, Super Stardust e, agora, em Resogun. O curioso sobre este jogo é que a fabricante, Housemarque, conseguiu colocar todo o charme dos jogos 8 bits em uma superprodução feita para PS4, mas sem perder o "feeling" original de Defender, que originou este tipo de jogo, ou sem transformar Resogun em um simples "Arena Shooter".

*Ok, verdade seja dita, teve o Defender e o Stargate de Atari, os quais eu joguei à exaustão, mas o cenário cilíndrico era imaginário (a nave simplesmente "dava a volta" na tela conforme voava indefinidamente para a direita ou esquerda), mas olha só no caso do Resogun, como é impossível ignorar o fator "cilindro".


A grande lata de Nescau ao redor da qual o jogo se passa.

Quando pensamos em títulos de lançamento de algum console, qualquer que seja, sempre se acende uma "luz amarela" em nossa mente, afinal, os primeiros jogos são sempre tecnicamente simples e mais se parecem com versões reformadas de jogos das plataformas anteriores que um jogo da nova geração. A comparação, neste caso, fica bem difícil, pois saíram pouquíssimos shmups que se assemelhem a Resogun, tanto na jogabilidade quanto na aparência, mas é bem fácil notar que ele seria possível em um PS3 ou Xbox 360. Tirando o framerate excelente a quantidade enorme de partículas e objetos voando ao mesmo tempo na tela, não é, de forma alguma, uma demonstração do que é possível nesta oitava geração. Mas, verdade seja dita, mesmo que seja apenas o começo desta nova geração, é um começo em grande estilo!

À primeira vista, lembra muito o clássico Defender, que teve várias encarnações desde seu lançamento e foi presente em praticamente toda plataforma já lançada. A nave voa tanto para a direita quanto para a esquerda, os inimigos aparecem aleatoriamente e em ondas e existem alguns humanos presos em alguns lugares do cenário que podem ser salvos quando você cumpre algumas condições do jogo, abrindo as celas, apanhando-os no cenário e levando até o portal. É importante notar que os salvamentos não são obrigatórios! Para abrir as celas, é preciso, por exemplo, matar o "keeper" daquela cela ou manter o multiplicador de placar acima de X10, caso contrário, o humano morre.


O turbo boost, salvando a pele do jogador.

A nave, além de voar e atirar (para ambos os lados, com o analógico direito), pode usar o turbo, o overdrive e a bomba. O turbo produz um "salto" na movimentação, te jogando um pouco à frente no cenário e conferindo invencibilidade temporária. Já o overdrive é um feixe contínuo que dura alguns segundos, bom para dizimar ondas inteiras ou chefes. A bomba, como todo bom shmup que se preze, destrói tudo que tem na tela. Os três itens especiais são escassos, portanto, é bom planejar muito bem o uso de cada um. Também surgem alguns "power ups" (protegidos por escudo, atire antes de pegar!) na tela, aleatoriamente, que aumentam o poder de fogo da nave, acrescentando mísseis, lasers e outras armas. É possível escolher entre três naves, equilibradas entre três atributos. Veja a imagem abaixo:


Falando assim, o jogo parece simples e sem-graça, mas nada poderia estar mais longe da verdade. A ação é furiosa, incessante, salvar os humanos é um desafio à parte e as ondas de inimigos são enviadas estrategicamente pelo jogo. Não basta ter poder de fogo e vidas, se você não souber aproveitar a mobilidade, os overdrives e os turbos, além de sempre focar nos "keepers" (mini-chefes) para abrir as celas, dificilmente vai progredir no jogo. Outro detalhe que conta muito na progressão são as batalhas contra os chefões ao fim de cada fase: Não espere que eles fiquem apenas repetindo os mesmos movimentos! Eles te observam, se desviam, te colocam em posição de desvantagem e te matam sem dó nem piedade! Gostei demais desta característica, pois nunca tinha visto uma AI aplicada a um "boss", ficou muito interessante.


Este é um dos cinco, em uma das transformações.

Fazendo a ficha técnica de Resogun, temos:

Gráficos: 7/10

- Gráficos simples, com um toque "retrô-80's". Ótimo "framerate", efeitos de luz e uma quantidade gigantesca de partículas simultâneas na tela. Design mecânico competente e criativo, além de uma direção de arte bem criteriosa. Torna-se um pouco repetitivo depois de alguns dias, mas não perde o brilho.


Um dos trailers de lançamento de Resogun.

Som: 8/10

- Música boa, lembra muito os temas de jogos de Amiga (não por mera coincidência, o jogo é a sequência espiritual de Super Stardust). O uso do falante do joystick para dar recados é muito legal.


Sonzeira!

Desafio: 8/10

- Resogun não é apenas um jogo de nave do tipo que se atira em tudo que se mexe. Se você não atirar na coisa certa, com a arma certa, na hora certa, não vai aproveitar nada do jogo. Todo inimigo segue uma estratégia e é bom começar a decorá-las! O jogo possui 5 fases, mas será necessário passar por elas várias vezes se quiser cumprir todos os objetivos.

Jogabilidade: 8/10

- O uso dos dois analógicos, um para movimentar a nave, outro para direcionar os tiros, aliado aos gatilhos que acionam o turbo, bomba, overdrive, ficou bem distribuído pelo controle. Se você está habituado com o funcionamento de Defender, vai se sentir em casa. O jogo ainda permite co-op online, onde duas naves podem, ao mesmo tempo, enfrentar os estágios.

Diversão: 7/10

- O jogo tem uma curva de aprendizado suave - fácil de aprender, difícil de dominar. Se você não estiver afim de salvar os humanos e quiser apenas atirar nos inimigos, tudo bem. Se você resolver encarar todos os desafios da fase, aí a coisa fica bem diferente! É um shmup para todos os gostos, com certeza não vai deixar entediados nem os jogadores casuais, muito menos os hardcore.

Nota Final: 7,5

Conclusão: Resogun não é uma demonstração do que a próxima geração tem à mostrar. É um neto de 
"Defender", rápido, divertido e que conta com boa produção gráfica e musical, boa jogabilidade e um valor de replayability enorme. Não espere nada de revolucionário, a não ser o formato cilíndrico da tela e a estratégia dos chefões, que "prestam atenção em você", mas espere se divertir muito e sofrer um bocado até começar a fazer algum progresso. Se você tiver um PS4 e for assinante da PSN+ em dezembro de 2013, o jogo já é seu! Há previsão de lançamento para PC, ainda sem data confirmada.