
Confesso que quando peguei este jogo, há cerca de um ano, acabei não jogando. A menininha montando um besouro dourado na capa não me chamou a atenção. Eu sei que jogo da Cave é sinônimo de qualidade, mas sabe quando você simplesmente não vai com a cara? Pensei que era mais um joguinho bobo, fofinho, "cute", com menininhas vestidas de colegial, berrando bobagens, corações voando e todo aquele apelo freak-sailormoon-like que só o público nipônico sabe explicar qual é a graça. Só fui jogar a fundo anteontem, e puxa, que jogo bacana!
O jogo é um bullet hell, sim. Os inimigos fazem chuveiros de tiros em você, praticamente o tempo todo, mas, o nível de dificuldade, que pode ser selecionado antes de jogar, varia bruscamente a letalidade dos inimigos. Digamos que sim, sempre haverão cortinas de tiros - mas - o formato, a velocidade e a densidade delas varia de acordo com a dificuldade, permitindo que qualquer um jogue o jogo. Até quem tem dificuldade em se desviar de grandes massas de tiros vai conseguir jogar, pois o a crashbox (o ponto exato da nave que tem que ser acertado para que o jogador perca uma vida) é generosamente pequena e, em certos níveis de dificuldade, as massas de tiros tem formas simples, são lentas e não muito densas. Dá para jogar sem passar raiva.

Não consegui ler a história do jogo (que é 90% em japonês), mas quem se importa? Os insetos grandes devem ter resolvido devorar o jardim onde a princesa inseto e seu fiel escudeiro, o besouro dourado, moram. O besouro dourado sabe atirar (e como sabe!) e pronto! Os inimigos são fileiras e mais fileiras de insetos, de todos os tamanhos, tipos e cores. Os chefes são assombrosamente grandes (o pulgão da primeira fase toma mais da metade da tela!), e extremamente bem animados. A disposição dos inimigos, assim como dos tiros, lembra muito Dodonpachi, assim como o tiro especial (segurando-se um botão), que concentra os options na frente do besouro, fazendo uma coluna de tiros fixos.
O padão dos tiros é definido do começo do jogo, sendo:
S-Power: (Super) Ataque concentrado, maior mobilidade.
W-Power: (Wide) Ataque amplo, maior área de acerto, menor mobilidade.
M-Power: (Medium) Uma média entre os dois.
Ao longo do jogo surgem power-ups que permitem trocar o padrão, assim como outros que dão/mudam a configuração dos options, que são:
Trace: Seguem a nave do jogador, em fileira.
Formation: Permanecem fixos, em formação.
A bomba tem uma característica interessante: É possível lançá-la com "efeito". Se você está andando para a direita e joga a bomba, ela sai na diagonal para a direita. A bomba mais ou menos segue a inércia da nave, permitindo que você coloque ela exatamente onde quer, para causar mais danos aos inimigos.
O jogo todo, desde a abertura até o fim, é feito com um capricho inacreditável. Dá gosto de ver tanta coisa se mexendo na tela ao mesmo tempo sem quase nenhum slowdown, mesmo quando são milhares de tiros, inimigos, power-ups, bônus, explosões, etc. Quem puder jogar em VGA ou pelo menos vídeo-componente, vai ver o quão bem-feito o jogo é de verdade.
Vamos aos números de Mushihime Sama:
Gráficos: 9
Duvido que exista algo graficamente mais bonito em termos de shmup para PS2. Talvez Gradius V apenas, mas é só. O jogo é fantasticamente bem-feito, os inimigos são extremamente detalhados, bem-animados, parecem vivos mesmo. Os cenários são excelentes em termos de criatividade e acabamento. Trabalho de gênio mesmo, sem dúvida. Só achei que em alguns pontos o pré-rendering fica meio óbvio, mas é algo que muita gente nem deve notar.
Som: 8
A música são aquelas melodias de anime, alegres, rápidas, grudentas. Não são exatamente o meu gosto, mas casam bem com o jogo e são muito bem-feitas. Achei que os bichos do jogo podiam fazer mais barulho além do "bum" ao morrer e do "aaaaargh!", nos maiores. Insetos são bichos barulhentos, oras! Podiam ter explorado melhor isso nos efeitos sonoros.
Desafio: 10
Não é que o jogo seja super difícil. O desafio é que é muito bem-equilibrado. O jogo possui três modos: Original (o do Arcade), Maniac (mais balas na tela, os inimigos precisam de mais tiros para morrer), Ultra (como o nome diz, ultra difícil!). A curva de aprendizado é rápida, já que a mecânica do jogo é simples, porém, há um salto enorme de dificuldade entre um modo de jogo e outro. O Maniac já faz até os veteranos suarem e o Ultra é mais uma prova de resistência que um jogo. Vale à pena tentar todos!
Diversão: 8
O jogo é todo muito bem feito, sem furos, sem decepções. Quem não está acostumado com bullet hell, pode começar no Original, colocar um monte de vidas e bombas que vai se divertir. Quem tiver quatro pares de olhos e sentido-aranha, como eu, vai jogar na boa o Maniac e vai tomar uma surra no Ultra. Os power-ups são generosos, a crashbox tem o tamanho certo, o ritmo do jogo é viciante e te permite jogar várias e várias vezes sem parar. Poderia ter mais opções de armas, outras naves, bombas diferentes, estimulando um pouco o playability. O jogo podia ser um pouco mais longo também, achei muito rápido de terminar. Mas, de uma maneira geral, é diversão garantida.
Overall: 8.5
Arredondei para baixo, pois o jogo é da Cave, que é uma grande empresa, e podia ser muito melhor que o resultado final. Além de ser meio curto, (umas duas ou três fases a mais e seria perfeito), faltaram uns extras também e uma variedade maior de armas. Se não fosse da Cave, eu diria que é um jogo fenomenal, mas por ser dela, é "apenas ótimo".
Pontos Interessantes:
- Há dois modos de jogo antes da seleção de dificuldade: Arcade e Arrange. No modo Arrange, o jogador começa com mais vidas, e quatro options logo de início. Os padrões de tiro dos inimigos também foram alterados.
Pontos Interessantes:
- Há dois modos de jogo antes da seleção de dificuldade: Arcade e Arrange. No modo Arrange, o jogador começa com mais vidas, e quatro options logo de início. Os padrões de tiro dos inimigos também foram alterados.
- Na terceira fase, há uma lagarta azul (sei lá se é uma lagarta, mas parece) enorme, que ocupa a fase toda, no melhor estilo "Mega Battleship".
- Há uma versão do jogo chamada "Mushihime Sama - Black Label", para PS2, que foi lançada em 2006. Aparentemente, há alguns modos extras de jogo e armas, mas nada digno de nota (não achei informações sobre ele).
- O S-Power é extremamente desbalanceado. É forte demais. Você tem tiros concentrados e mobilidade alta. Recomendo para quem é iniciante.
- O jogo aparentemente fez sucesso no Japão, e rendeu uma série de wallpapers oficiais e não-oficiais bem bacanas.
- Fico me perguntando se vai sair uma miniatura Gashapon do besouro dourado. Ele é bem simpático. Se vier com a mocinha em cima, então, melhor ainda!
5 comentários:
te passei a comunidade, ja que nao consegui te mandar scrap
so falta aceitar la
e mushihime é foda :~
porra bem bacana.....vou ver se acho esse jogo......comecei a ler seu blog faz pouco tempo e to adorando, tenho bastante dificuldade de achar esse tipo de jogo.....naum esquece do play2 naum que a maioria soh tem ele mesmo por enquanto
Jogaço, vou ate pegar nele esse fim de semana , faz um tempo que não o jogo... muito bom o texto..
Seu comentário me fez lembrar do shooter clássico Apydia, para Amiga, em que você é uma abelha. Merece um review... :-)
http://www.youtube.com/watch?v=L3gIjMm2P-g
Murilo;
Já instalei o emulador de Amiga no xiboquinha pra fazer o review do Project X e do Apidya. Logo logo eles aparecem por aqui.
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