Lá atrás, no ano de 2006, o Dreamcast já era uma plataforma mais que morta e enterrada. O PS2 começava a perder espaço para a nova geração, liderada pelo Wii e o Xbox 360, mas ninguém em sã consciência lançaria um jogo para a velha caixinha branca da Sega. Ainda bem que o pessoal da G.Rev não estava em sã consciência, pois converteram Under Defeat do arcade para o Dreamcast, e fizeram um trabalho excelente. Porém, como se pode imaginar, apesar do sucesso, pouca gente (o pessoal do Canal-3 não conta!) estava insistindo nesta plataforma, o que demandou versões para consoles domésticos mais recentes feito o PS3 e o Xbox 360, em fevereiro e outubro de 2012, respectivamente. São seis anos de atraso. Seis anos até que o grande público pudesse finalmente jogar Under Defeat HD. Se a espera valeu? Definitivamente! E como!
Houve um jogo da Psikyo, também para Dreamcast e Arcade, de nome Zero Gunner 2, o qual compartilha algumas similaridades com Under Defeat - além de usar helicópteros, o nível de dificuldade era extremo e terem sido lançados para as mesmas plataformas. As comparações são inevitáveis, porém, diferente de Zero Gunner, em Under Defeat não é possível virar o helicóptero em qualquer direção. Não que chegue a atrapalhar, pois não é necessário virar para todo lado. Tirando isso, os jogos são muito parecidos, apesar de que a ação em Under Defeat é mais frenética, conforme contarei logo abaixo.
Zero Gunner 2 - O irmãozinho bastardo de Under Defeat.
Jogabilidade:
Como em boa parte dos shmups, Under Defeat fala de uma guerra entre duas facções que ninguém sabe como começou, nem o porquê, mas você está do lado "certo" e tem que derrotar os vilões. Até aí, nenhuma novidade, afinal, shmup com história é como filme pornô com história - pode vir a agradar alguns, mas 90% do público não vai dar a mínima. O importante é saber que você usa um helicóptero modernoso, pintado de vermelho (Ex-USSR?) e capaz de conjurar em pleno ar um drone (option) que pode ter três tipos de arma: rockets, vulcan e cannon. O option é mais ou menos independente no jogo, sendo que você pode fazer com que ele aponte para uma direção, ao ser conjurado, e virar o helicóptero para outra direção, o que ajuda um bocado em determinadas ocasiões.
Inclinação de 30 ou 45 graus, no máximo.
Você também pode selecionar como quer que o controle se comporte: Se o helicóptero vai inclinar para o mesmo lado que você aponta com o controle ou para o lado contrário. Parece bobagem, mas eu só consegui jogar com o segundo modo. Meu cérebro não processa o uso do primeiro, de jeito nenhum. A dificuldade é alta! As duas primeiras fases são mais ou menos fáceis, mas dalí em diante é só pancadaria. Não espere um joguinho bonzinho, cheio de power-ups e checkpoints, porque este não é Under Defeat HD. Aliás, não existem power-ups at all. Você pode escolher qual option vai usar e pegar mais bombas, mas é só. E que bombas. Nossa. QUE bombas! Under Defeat tem a MELHOR bomba de todos os shmups, de todos os tempos. Ela sacode a tela toda, explode todo mundo, faz um dano absurdo nos chefões, enfim, é a mãe de todas as bombas. Dá a sensação de que realmente alguém explodiu algo muito grande no cenário, capaz de mandar tudo pelos ares, e manda mesmo!
Gráficos:
O design mecânico de Under Defeat HD é bem realista, com exceção do helicóptero protagonista do jogo. Existem algumas máquinas fantásticas, algumas reais, algumas quase convincentes, mas no geral não passa a sensação de que não houve critério algum de criação. Os inimigos, quando atingidos, soltam cacos, fumaça, fogo, vibram, passam por panes, enfim, parece realmente que você está atirando em uma maquina de verdade. Os cenários são bonitos, bastante diversificados, tentando passar a sensação de uma guerra que acontece na Terra, nos dias de hoje, e nada mais. O "HD" que foi adicionado ao jogo faz juz ao título, porém, se você não selecionar a opção de console doméstico na tela de início, vai jogar no modo arcade, o qual coloca duas enormes tarjas nos cantos direito e esquerdo da sua TV, para simular o display comprido das máquinas de fliperama. Dispensável, eu diria, mas deve ter alguém que gosta disso. Se você tem uma TV moderna à sua disposição, pule o modo arcade.
Qual é o sentido de jogar um jogo lindo desses com apenas 1/3 da tela? Widescreen! Por favor!
Som:
Aqui cabe um ponto de atenção. Primeiramente, vou falar do som do jogo, ou seja, dos efeitos, ruídos, etc. Sim, o som é bom e cumpre bem seu papel. Como os gráficos, o som tentou ser o mais realista possível, sem ser exagerado. Não há grandes problemas com ele. Em compensação a música, esta sim, não faz o menor sentido. Toda a arte do jogo, toda a programação visual dele, é em torno de uma guerra aparentemente deprimente, séria, sangrenta. Existem personagens com olhares vazios nas imagens, cenários devastados, tons escuros, máquinas enormes e opressoras, um inimigo aparentemente muito forte e praticamente impossível de ser derrotado... ao som de uma melodiazinha adocicada, alegre, digna de um jogo do Super Mario ou do Alex Kidd. Não, não faz sentido algum! E não é apenas em uma das fases, todas elas tem musicas alegrinhas e que fariam muito mais sentido em outros tipos de jogos. Será possível que ninguém ouviu a música enquanto jogava antes de aprovar o projeto? Não sei aos outros leitores que jogaram o jogo, mas no meu caso, ela não fez sentido algum. Achei bem fraquinha e muito fora de contexto, estragou um jogo que poderia ser perfeito.
Me diz se faz algum sentido? Eu posso até ver os pokemons pulando pela tela.
Overall: Nota 7,0.
O jogo é acima da média, sem dúvida nenhuma. Um shmup bom, com alguns probleminhas, de fato, mas jogável e que cumpre bem seu dever. Tirando clássicos como Ikaruga e Radiant Silvergun, não acho que algum shmup tenha o direito de não ter power-ups. É absurdamente chato seguir com a mesma arma o jogo inteiro, mesmo que o option bacanudo apareça de tempos em tempos. A música é chatinha e sem sentido, a hitbox é meio maluca, sendo que às vezes você morre sem saber o porquê, mas os problemas acabam por aí. A curva de aprendizado do jogo é lenta, o que impõe um certo grau de desafio, os controles respondem muito bem. Os chefões são enormes, bonitos e totalmente segmentados. É possível destruir partes separadas e ver os cacos voando pelos ares, acertando a água, soltando fumaça, faíscas, tudo o que tem direito. Acredito que se jogado em dupla fique melhor ainda, mas não tive a chance de tentar. De qualquer forma, o jogo é bom e merece ser jogado - especialmente se você tiver como desligar a música e escutar algo de sua preferência enquanto joga.
3 comentários:
Nossa, vc não gostou mesmo da música?
Eu acho a trilha sonora ótima, talvez por ter jogado muito a versão do DC.
Preciso jogar essa do PS3 em New Order.
Ainda não joguei ele no PS3, mas pelo que joguei no DC, concordo sobre as músicas. Acho que em termos sonoros vai ser difícil um shmup com as músicas sensacionais dos Gradius (bote aí Salamander e Axelay), R-Types, Ikaruga e o 1943 - Battle of Midway.
E como pude esquece-lo, a série Thunder Force, principalmente o 4!
Postar um comentário