Versão em disco, para Dreamcast...
No caso dos jogos produzidos pela NG:Dev, assim como outras empresas independentes como a Hucast e a Duranik, é sempre uma grata surpresa aguardar o anúncio de novos jogos. Eles não são caros (se comprados diretamente do fornecedor), mas são bem difíceis de se achar aqui no Brasil, e os vendedores cobram um "ágio" bem salgado (coisa de mais de 150% do valor), assim como incidem impostos e há o custo do envio. Ainda assim, com tudo isso, valem muito à pena pela qualidade do produto e do jogo em si, especialmente se você gosta de shmups e tem um Dreamcast ou um NeoGeo.
...ou para os fãs mais hardcores, em cartucho (de madeira!), para NeoGeo.
Neo XYX é, de certa forma, uma homenagem à vários shmups verticais da década de 90, dentre eles os da Toaplan, da 8ing/Raizing e da Fabtek / Seibu Kaihatsu. O jogo é extremamente bem executado, lembrando Flying Shark, Truxton, Tatsujin, Battle Garegga e Raiden Fighters Jet. Com jogabilidade extremamente simples, você usa três botões: um para atirar (tem autofire já implementado), outro para bomba, outro para reduzir a velocidade da nave enquanto pressionado (slowdown). Se pressionados juntos, o botão de tiro e de slowdown fazem com que você sacrifique parte da agilidade da nave em troca de um poder de fogo maior, mais concentrado. É possível rotacionar a tela entre os modos Yoko, Tate e um modo horizontal bizarro, que toma toda a tela, mas que também ajusta o controle e o HUD para que você possa jogar como um shmup de scroll horizontal. Apesar do ganho em área na tela é meio confuso jogar neste modo, mas ele vem configurado como padrão para o jogo. Uma rápida olhada nas opções e o problema é corrigido, inclusive também vale à pena desligar os filtros se você usa um VGA Box.
Dito isto, vamos aos números:
Gráficos: 8
Olha lá! Truxton! Oh, wait...
Som: 10
Um elemento dos quais eu tenho muita saudade das gerações pré-Playstation é a música dos games. Muitos jogos de hoje em dia (PS3 e Xbox 360) simplesmente não tem música in-game, e eu quase sempre me pego assobiando algum tema de jogo da era 8/16 bits. O compositor, Raphael Dyll, está mais do que de parabéns! Os temas encaixam-se perfeitamente no jogo e tem todo aquele feeling anos 80/90 e o balanço entre os sons do jogo e a tilha sonora ficou magnífico. Uma pena que a versão que venha com a trilha sonora seja bem mais cara, porque essa era uma que eu gostaria de comprar.
Neste vídeo é fácil notar como as músicas são boas e como o tiro não muda nunca...
Jogabilidade: 4
O jogo é bem difícil, como se espera de um shmup metódico dos anos 90. Não chega a ser um bullet hell, mas os padrões de tiros ficam meio cruéis nas últimas fases. Assim como em Flying Shark, os inimigos miram em você e não atiram a esmo, e os chefes intercalam aleatoriamente os padrões de tiros, o que eu gostei muito. O sistema de score é complexo, como em Raiden Fighters Jet e Battle Garegga, que obrigam o jogador a coletar medalhas deixadas na tela por inimigos destruídos. Não há power-ups, à não ser bombas, e aqui vai a minha bronca e o porquê de uma nota tão baixa na jogabilidade: Em pleno 2014, um jogo feito por veteranos como o time da NG:Dev, não ter power ups? Não troca o tiro, nem aumenta, nem options, nem escudo, nada? Nem mesmo um power up básico, que aumente um pouco o dano causado pelo tiro? Isso foi uma pisada de bola grotesca! O jogador vai, então, com o mesmo tiro do começo ao fim do jogo, algo que eu só admito em Ikaruga, por ser uma obra-prima! Todos os outros jogos da década de 90, sem exceção, merecem um power up, por mais insignificante que seja... e nós estamos em 2014! Enfim: Vergonhoso!
Diversão: 6
Um dos chefões é um dragão metálico rosa. Tem como ser mais retro que isso?
Nota Final: 7
Era para ser, mas não foi. Ficou no "quase". O jogo é ótimo em quase todos os aspectos. Os controles são bons. Os gráficos são ótimos. A música é perfeita. O desafio é bom, na medida. Mas a jogabilidade peca terrivelmente pelo excesso de simplicidade. Faltou uma boa dose de pesquisa dos desenvolvedores, sobre o que implementar no jogo. Um option que fosse, um escudo, um tiro auxiliar, qualquer coisa que fosse acrescentada faria uma diferença enorme, mas optaram por deixar a total simplicidade no sistema de jogabilidade, que acabou soando como preguiça ou pressa. Mesmo assim, um jogo nota 7 e que vale à pena ser jogado, pois tem muitas qualidades técnicas, divertido e com um bom valor de replayability. Poderia ter sido muito melhor, talvez um dos melhores shmups da biblioteca de Dreamcast, se tivessem tomado um pouco mais de cuidado neste sentido.
5 comentários:
Excelente análise, não joguei ainda, mas ficarei atento às observações levantadas.
Parabéns pela matéria. Aonde eu consigo esse jogo para o Neo Geo? Existe alguma jogo lançado recentemente para Neo Geo CD? Um abraço. Assinado fã Neo Geo/SNK.
Olá Anônimo, tudo bem?
Então, eu comprei o jogo diretamente do fabricante, por aqui: http://www.ngdevdirect.com/
Para Neo Geo CD, que eu saiba, não sai nada há tempos. Acho que o último foi o IronClad, mas isso foi há muitos anos. Para MVS/AES ainda saem mais coisas, mas dificilmente chegam aqui no Brasil. Vale à pena dar uma olhada no Ebay.
Abraço!
Carai! essa eu não sabia que tem uns fans do neo ou dream que ainda disponibiliza $$$ games para esse consoles fora de linha.
Mas esse games também não são vendidos de outra forma como para serem rodados em PCs?
Pois hoje em dia é raro que tenha esses aparelho funcionando.
elcio
"...se preocuparam em apenas fazer o mesmo jogo e nada mais". Como se "apenas" fazer isso fosse FÁCIL.
Desenvolver para plataformas antigas é uma tarefa árdua, quase inglória, e como se não bastassem as limitações impostas pelas próprias condições de cada sistema, muitas vezes é preferível optar por um motor multiplataforma, por um motivo óbvio: O CUSTO.
Não vejo falhas neste jogo, nem como obra de arte, tampouco enquanto produto comercial.
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