Você provavelmente já ouviu falar da Takumi, produtora de clássicos como Gigawing e Mars Matrix, sem dúvida o segundo e terceiro motivo para se ter um Dreamcast (já que o primeiro é Ikaruga). Nos idos de 2001 a Takumi já havia feito dois grandes jogos (lançados pela Capcom), estava muito bem-localizada no mercado de shmups e resolveu lançar Night Raid para PSX, com o mesmo feeling dos anteriores, que são jogos Bullet Hell, mas com um sistema defensivo poderoso que te ajuda nas piores situações.
Mas porque para o PSX, que já estava saindo de cena em 2001? Boa pergunta! Talvez pelo mesmo fato de que Thunderforce VI (post anterior) vai sair para PS2 em pleno ano de 2008. Os consoles da Sony tem uma longevidade absurda no mercado e, talvez, fosse uma boa coisa ter um shmup da Takumi saindo para ele. Enfim, vai saber.
A nave que o jogador controla no jogo é esquisita, parece um morcego biônico, que não bate nos inimigos, só nos tiros. Conforme a progressão de tiros aumenta, é possível perceber uma semelhança com a Raijin, de Gigawing. Além de ser esquisita e ter um pouquinho mais de inércia que um jogo Bullet Hell permite (o que te faz morrer de vez em quando), ela possui bombas realmente fortes que limpam a tela toda e, também, o ataque com o pior nome de toda a história do videogame: O Hug Launcher (lançador de abraço).
"Hug Launcher" em ação, no modo 2 Players, depois de 14 hits. O triângulo enorme quer dizer que você ainda está imune por algum tempo.
Sobre o tal do Hug Launcher: Ok, quem foi o idiota que arrumou esse nome? Será que ele perdeu o emprego depois disso? Será que foi coisa do gerente de projeto que, por ter uma filha pequena, pediu sugestão à ela e acabou adotando o nome? Ou será que foi só algo que passou pela tradução sem que as pessoas verificassem o significado? Enfim, o que ele faz é pendurar a sua nave por meio de um RAIO TRATOR (olha só, que sugestão boa, para nome, não é?) em um inimigo próximo e faz com que a sua nave colida com ele até que ele seja destruído, já mirando para o próximo e repetindo o processo até que a barrinha de especial acabe, impedindo que você use novamente o ataque especial por alguns segundos, até que ela se encha novamente. Todos os tiros que estão no caminho entre você e o inimigo transformam-se em ítens de bônus (pirâmides), que podem ser coletados ou não.
Fase das máquinas. Engrenagens gigantes e tudo mais. Este miniboss é particularmente chato de matar.
Por falar em bônus, o jogo possui o sistema de score mais estranho já visto. Você ganha E perde pontos ao longo do jogo. Conforme os inimigos são mortos, as pirâmides são lançadas no ar, podendo ser coletadas ou não. Caso você as pegue, há uma barra na esquerda da tela que conta um número positivo na sua pontuação. Porém, se você deixar que elas saiam da tela, sua barra de score vai baixando e pode tornar-se negativa. Quer dizer que é possível ter pontuação negativa durante uma partida? Sim! Eu já tive -200.000 uma vez. O objetivo do jogo não é só matar os inimigos, mas pegar as pirâmides (ok, são "tetraedros", na verdade). Acabar o jogo é bem fácil se você não ligar para o score, mas fazer as duas coisas é bem complicado.
Vamos aos números de Night Raid:
Gráficos: 7
O jogo não é a coisa mais linda que já se viu em um PSX. Os inimigos são, em sua grande maioria, polígonos simples combinados, alguns com textura, outros sem. Os cenários são meio confusos e alternam do tradicional (cidades, estruturas militares) até coisas bem insólitas (interior de organismos, portões dimensionais). Há, também, momentos em que não é possível fazer idéia onde o jogo se passa. A impressão que eu tive foi que os designers preferiram manter os gráficos o mais simples possíveis para não comprometer a velocidade do jogo. Porém, por outro lado, a fator bizarro foi empregado até na abertura do jogo, ou seja, pode ser proposital.
Som: 9
Heavy Metal! Puro e simples. Do começo ao fim. Algumas trilhas puxam um pouco para o hard rock, outras para o trash metal. Mas, de uma maneira geral, casou perfeitamente com o clima de "cine trash" e com a velocidade do jogo.
Desafio: 7
Acabar o jogo não é muito difícil, mesmo sendo um Bullet Hell. São poucos estágios e a maioria deles consiste em uma estratégia não muito complexa. Se vc quiser tentar acabar o jogo pegando todas as pirâmides, mantendo o score positivo por boa parte do tempo, a dificuldade vai crescer exponencialmente. Há um certo grau de desafio, mas nada que um pouco de treino não resolva. As balas são três vezes mais rápidas que em Mars Matrix e Gigawing, porém, o Hug Launcher resolve boa parte dos problemas com nuvens de tiros e os power-ups são abundantes. É um sistema fácil de dominar e que te ajuda muito nas piores fases.
Diversão: 7
É um bom shmup. Obscuro, bizarro, desconhecido, diferente do normal. Mas vale umas boas horas de atenção. Vai divertir desde os veteranos até os iniciantes. Falta um pouco de replayability factor e opções, só há uma arma, dominar o Hug Launcher não é muito difícil, ou seja, o jogo pode acabar se esgotando meio rapidamente nas mãos de quem se interessar a fundo. Mas vale conferir, com certeza.
Overall: 7.5
Um shmup acima da média para PSX, que vale pelos detalhes. Se você é um jogador iniciante, pode jogar sem medo. Se é veterano, também vai encontrar um grau de desafio. Se você é um entusiasta do gênero shmup, não tem nem o que pensar: Pegue e joge!
Fatos Interessantes:
- Sistema de score bizarro. Jogando sem prestar atenção aos ítens que caem, é possível terminar as fases com pontuação negativa.
- Saiu bem depois de Mars Matrix e Gigawing, e não antes, como se ouve dizer.
- É possível trocar a cor da nave, são várias opções.
- Roda perfeitamente no PSP.
Um comentário:
Jogo louco ... gosto do bizarro hehehehehe
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