Outro sistema que "corria por fora" na época do Super NES era o Amiga. A maioria dos (poucos) jogos bons de Amiga saíram para Mega Drive e Super NES, e um destes jogos foi o magnífico Turrican, que era uma mistura de Contra com Metroid e elementos próprios. Turrican fez um sucesso enorme, teve várias continuações e foi lançado para praticamente todos os sistemas da época (incluindo alguns quase-defuntos, como o ZX Spectrum e o Amstrad CPC), o suficiente para deixar as produtoras com a mão coçando e, à beira do fim do Super NES, em 1995, o autor do jogo, Manfred Trenz, lançou um clone de seu próprio sucesso, chamado Rendering Ranger: R2 - que veio a se tornar um dos jogos mais raros e caros do Super NES.
E o que é Rendering Ranger: R2 ?
Como o autor é chegado em uma mistureba (o que eu acho deveras saudável!), o jogo parece um cruzamento entre Contra e Thunderforce, com a jogabilidade alternada entre as fases. Até o segundo estágio, o personagem vai correndo e atirando para conseguir chegar no hangar onde está a nave dele.
Ao pegar a nave, o jogo vira um shmup horizontal bem bacana, cheio de armas e inimigos enormes. Cada tiro sai em um ângulo diferente e tem seus pontos fortes e fracos, e as bombas mudam conforme o tipo de tiro. Também tem options e é possível virar a nave para trás (com o botão que é usado para pulo, no outro modo). No modo run'n'gun, o é possível atirar nas oito direções, além de usar o R e o L para "travar" a arma nas diagonais enquanto o personagem corre, o que ajuda muito para acertar os inimigos voadores ou atirar para cima e agachar ao mesmo tempo.
Não tem absolutamente nada em Rendering Ranger que aponte para o amadorismo. Por sinal, o jogo dá até umas sérias dedadas em nomes grandes como a Konami ou a Irem. Os títulos feitos por essas duas para Super NES, que tem um processador com a vergonhosa velocidade de 3.58 mhz, ridícula até para a época, apresentam problemas de slowdown frequentes. Quem já jogou R-Type ou Gradius de SNES sabe bem o que eu estou querendo dizer. No entanto, Rendering Ranger deve ter um código muito bem escrito ou altamente otimizado, pois o jogo todo, do começo ao fim, não dá um slowdown sequer. E olha que estamos falando dos maiores sprites já colocados em um jogo de Super NES!
Vamos aos números de Rendering Ranger:
Gráficos: 8.5
Conforme dito lá em cima, são os maiores sprites que e já vi em um Super NES. Tudo pré-renderizado, o cuidado com o design e as cores é o tipo de coisa que não se vê todo dia. Os inimigos repetem um bocado e às vezes você fica enjoado de ver sprites pré-renderizados congelados, apenas deslizando pela tela, sem animação alguma, mas para um jogo de Super Nintendo está ótimo, é lindo, muito melhor que boa parte dos jogos do sistema e que visivelmente tira leite de pedra no Super NES.
Som: 5
As músicas são meio esquisitas. Podiam ser muito melhores. Boa parte delas parece ser apenas um loop de um trecho de música, para encher linguiça mesmo, que o autor colocou lá sem a pretensão de ser ouvida. Os efeitos sonoros são bacanas, funcionam em estéreo, coisa que na época não era muito comum. Quando você mata um inimigo na direita, ele explode na caixa da direita e assim por diante. Uma pena que justamente a música, que era um ponto forte em Turrican, tenha sido deixada de lado neste jogo.
Desafio: 9
Ô joguinho difícil !!! Tanto nas fases run'n'gun como nas fases da nave! Sem continues, sem save e apenas um sistema de password cuja interface é terrível de usar. Aos insistentes, recomendo usar o action replay ou as senhas. Com um pouco de memorização dá para se virar, mas o jogo sempre consegue te pegar de surpresa. E olha que a nave e o personagem tem barra de vida e um escudo!
Diversão: 8.5
Fiquei horas e horas morrendo e voltando, colocando senhas, matando inimigos enormes e não me arrependo. O jogo é um extrato do que há de melhor (como diria o Agripas) tanto dos shmups quanto dos run'n'gun da era 16 bits. Uma pena que não tenha um sistema de continue mais racional, ficar digitando senha toda hora é chato e o jogo te mata sem dó nem piedade.
Overall: 8
Arredondando pra cima, nota 8 é bem o que o jogo merece. Tira leite de pedra, mistura dois gêneros excelentes, é graficamente lindo, usa e abusa dos efeitos de zoom e rotação, tem chefes enormes, criativos e não dá um segundo sequer de slowdown. Uma pena que nunca tenha sido lançado aqui, no ocidente. Ficamos sem mais essa!
Pontos interessantes:
- Embora tenha sido lançado apenas no Japão, no jogo não tem uma palavra sequer de japonês, ou seja, podia ser muito bem um release mundial.
- Saiu com a tiragem limitada de 10.000 cópias. A cópia, hoje em dia, no Ebay, não sai por menos de 300 dólares. Em uma consulta rápida, achei uma por 900 dólares.
- É possível escolher a cor da roupa do personagem e da pintura da nave. São várias opções.
- Não há backgrounds reciclados. O jogo foi TODO desenhado, de cabo a rabo.
- Há fases com a nave em que o scroll muda de lado, indo e voltando, para simular um bombardeio.
- Os "Options" do jogo mais atrapalham que ajudam com certos tiros. O tiro vermelho, em modo máximo, fica pior com options do que sem!
- Os "Options" do jogo mais atrapalham que ajudam com certos tiros. O tiro vermelho, em modo máximo, fica pior com options do que sem!
- O "R2" no nome do jogo é só uma brincadeira com os dois "R"s . Não saiu outra versão.
- O personagem mata os inimigos do chão pulando em cima, como em Turrican (ou Super Mario).
Um comentário:
nunca tinha ouvido falar, vou baixar a rom imediatamente...pelo review me pareceu interessante...
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